sexta-feira, 8 de julho de 2022

O que vale realmente a pena

Somos frágeis. 
Poeira à espera do sopro do vento. 
Não temos tempo a perder. 
Cada dia que a gente desperdiça é um sol que foi embora sem receber a benção do nosso sorriso. 
Somos uma gota secando no asfalto quente. 
Somos uma nuvem de algodão, uma bolha de sabão, um pedaço de chocolate nas mãos da Magali. 
Isso não quer dizer que não temos valor! Que somos um nada!
Não é isso. 
É apenas a verdade de que somos breves. Passageiros. Peregrinos. 
Temos que viver agora! Viver com fome de beleza. Com afeto e gentileza. 
Precisamos da roda de conversa, das maluquices com os amigos, dos momentos lindos em família, da força da natureza nos chamando para saltos e cambalhotas!
Precisamos da voz de Deus nos enchendo de vida para que a vida tenha cada vez mais significado. 
Não somos seres angelicais. 
Somos sombras e percalços também. 
Poucos conhecem os detalhes da nossa mente e vamos tentando apagar as pegadas que denunciam como somos ambíguos. 
Mas ainda que sejamos falhos e perigosos, somos gente e temos a chance de desfrutar das horas com mais intensidade. 
E a intensidade está em partilhar a existência com pessoas que fazem parte da nossa história. 
Quando você estiver em um canto qualquer deste mundo! Sem palco, luzes, ou perfomances. Quando tudo ao redor for apenas você e seus pensamentos. O que ainda fará sentido!? O que ainda importa? O que ainda faz o seu coração brilhar?
Achou algumas respostas?
Então faça valer a pena!
Grulha

terça-feira, 3 de maio de 2022

Sair de cena

Quero sair de cena com a sensação de que não atuei, não fingi e nem enganei. 
Quero sair de cena certo de que tive as conversas necessárias, que escutei quem falava comigo e que não desperdicei palavras e silêncios. 
Quero sair de cena com o coração grato, com a mente tranquila e sonhando com novos horizontes. 
Quero sair de cena honrando os vínculos, celebrando as histórias e com aquele olhar de quem sabe o valor dos momentos vividos. 
Quero sair de cena para aprender a não depender de luzes, aplausos, ou roteiros que prometem sucesso. 
Quero sair de cena cantando emocionado, distribuindo flores e amando a vida. 
Quero sair de cena agarrado nas minhas convicções, mas com as mãos conscientes de que, talvez, nem todas elas mereçam ser mantidas com tanta dedicação. 
Quero sair de cena para que a cena chegue mais longe e seja ainda mais bonita para o bem dos que precisam se alimentar destas belezas. 
Quero sair de cena sem carregar culpas nem culpados. Sem temer o futuro e sem idolatrar o que se tornará passado 
Quero sair de cena servindo com mais amor, mais coragem e mais simplicidade. 
Quero sair de cena e beber de águas mais mansas. 
Quero sair de cena. 
Grulha

sábado, 9 de abril de 2022

Casa comigo

Casa comigo

Os dois namorados estavam dentro do carro, à noite, estacionados em frente ao prédio da excelentíssima, discutindo a relação.

 Discutindo mesmo, aos berros, brigando. Em meio a algum “pra mim chega!”, surgiram dois meliantes armados e interromperam aquele bate-boca. 

Transferiram os namorados para o banco de trás e saíram em disparada com eles: sequestro relâmpago.

 Rodaram a cidade durante 50 minutos, fizeram saques em caixas eletrônicos, até que os levaram para um lugar ermo, no meio do mato.

 Duas coronhadas, uma em cada um, rostos sangrando, mas era pouco: despiram os dois, deixando-os apenas com a roupa de baixo, e os amarraram em troncos de árvores.

 Não houve agressão sexual, mas não se pode dizer que foi um passeio no bosque.

 Em plena madrugada, abandonaram o casal imobilizado e seguiram com o carro do rapaz rumo à impunidade garantida.
 
Foram embora. Restou o silêncio.

 Assustados, os dois tentaram, tentaram de novo, e conseguiram, finalmente, se desamarrar.

 Livres, sozinhos, sem saber onde estavam, olharam um para o outro e tiveram um ataque de riso.

 Ele a abraçou fortemente e só conseguiu dizer duas palavras: “Casa comigo”.
 
Aconteceu mesmo. Quem me contou, olho no olho, foi a protagonista feminina da história.

 Eu não conseguiria imaginar pedido de casamento mais romântico.

 Sem vinho, sem luz de velas e sem anel de brilhantes – um pedido movido simplesmente pela emergência da vida, pela busca de uma felicidade genuína, pela supressão da razão em detrimento da emoção verdadeira.
 
Estavam para morrer, os dois. Foram unidos pelo mesmo pensamento desde que foram surpreendidos por dois estranhos armados: acabou.

 Não tem mais por que discutir a relação. Não tem mais relação. Não tem mais manhã seguinte. 

Não tem mais futuro. Acabou. Que perda de tempo, a nossa. Para que brigar? 

Para que se estressar com ciúmes, com queixas, com mágoas? Acabou.
 
E então descobrem que não acabou.

 Desamarram-se, estão nus por fora e por dentro, despidos de qualquer racionalidade, apenas aliviados com o desfecho da aventura e absolutamente tomados pela força do que é essencial na vida. O amor.
 
Casa comigo.
 
Estão casados há 10 anos. Não sei se plenamente felizes. É provável que os motivos dos ciúmes e das queixas e de tudo aquilo que explodiu naquela discussão dentro do carro antes do sequestro tenha se repetido outras vezes.

 O tempo passa e a realidade impõe os seus caprichos.

 Obriga a gente a pensar e manter a sanidade. Maldita sanidade.
 
Mas houve um momento em que eles não pensaram. 

Só sentiram. Sentiram tudo. Sentiram sem amarras.

 Sentiram soltos. Sentiram livres. Pura emoção.

 E a emoção se impôs: casa comigo. Tiveram os piores padrinhos do mundo: a violência e o medo.

 Mas que beijo deve ter sido dado ali em meio ao nada.
 
J. de sta Catarina          05/04/2014            Martha Medeiros

Will Smith

Dois casos delicados da natureza humana: de um lado, o humor mórbido, que faz graça (sem graça nenhuma!) com a dor humana, com a exposição do outro ao ridículo e ao desconforto. Imoral e grave, por ter tido tempo entre o planejamento e a execução, tempo suficiente para que as consequências pudessem ser avaliadas. No “melhor” dos resultados sonhados pelo “humorista”, todos, o marido, o auditório presente e o público virtual ririam da situação constrangedora da vítima. Vejam bem: esse horrível painel é o “melhor” que ele poderia esperar. E a equipe do Oscar seleciona este tipo de profissional para conduzir uma cerimônia deste nível de importância mundial.
De outro lado, temos a impulsividade de Will Smith. Somos obrigados, simultaneamente, a entender a sua dor e a condenar sua atitude, pois todos já sentimos na pele as consequências da perda do autocontrole nas nossas vidas. Sabemos o quanto dói, constrange e humilha. Se um cão late para nós, não devemos latir para ele de volta; não somos cães. Perder o controle é responder às circunstâncias de forma irracional, sem senso ou critério humano, o que fere nossa dignidade e nos expõe.
A questão é que a maioria de nós tem seu “ponto de corte”, ou seja, o limite do que seríamos capazes de suportar, o que varia muito, de pessoa para pessoa. Ampliar esse limite, não deixar que as circunstâncias nos roubem a nós mesmos, tudo isso é resultado de treino diário, de fortalecimento de caráter que devemos construir dia a dia, ao longo da vida. Quando um companheiro humano de jornada comete este erro, deveríamos ter ao mesmo tempo compaixão em relação a ele e mais atenção em relação a nós mesmos. Que o fato seja um fator de amadurecimento para todos, pois, ao invés de criticarmos ou aprovarmos, podemos olhar para a experiência do outro com o olhar de aprendizes.
Logo, como síntese, eu proponho duas perguntas, e espero que as responda silenciosamente, apernas para si próprio, mas que reflita sobre as respostas sob o ponto de vista da dignidade humana: eu já ri da dor alheia? Eu já perdi o controle diante de provocações? Assim, ao invés de julgarmos o outro, crescemos graças ao outro.

Lúcia Helena Galvão

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Relacionamentos

 

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. 

Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- é... não deu certo...

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.

Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. 
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.

Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.

E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.

Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não. 

Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto.

Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. 
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?

O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós.

Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.

Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias. 
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. 
E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...

Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ????
Arnaldo Jabor .

domingo, 16 de janeiro de 2022

Mulheres

🌹 Mulheres...

Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha. 
Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela. 
Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa. 
Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo. 

Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muitobaixa, muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar então vai sair assim mesmo. 

Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim. 

Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender. 

Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo. 
Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, risos, habilidades, sai para o mundo e aproveita a vida. 

Aos 80 anos: Ela não se incomoda mais em se olhar. Põe simplesmente um chapéu violeta e vai se divertir com o mundo. 
Talvez devêssemos por aquele chapéu violeta mais cedo! 

#Mário Quintana

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

leitor

"Um bom leitor, um grande leitor, um leitor ativo e criativo, é um releitura. E vou lhes dizer por quê. Quando lemos um livro pela primeira vez, o próprio processo de mover laboriosamente os olhos da esquerda para a direita, linha após linha, página após pagina, esse complicado trabalho exigido pelo livro, o processo de aprender em termos de espaço e tempo do que ele trata, tudo isso se interpõe entre nós e a apreciação artística. Quando olhamos para uma pintura, não precisamos mover os olhos de um modo especial mesmo se, como em um livro, o quadro contiver elementos de profundidade e desenvolvimento. O elemento temporal na verdade não está presente no primeiro contato com uma pintura. Ao lermos um livro, necessitamos de tempo para nos familiarizarmos com ele. Não temos um órgão físico (como o olho para a pintura) capaz de abarcar toda a cena e depois de apreciar seus detalhes. Mas em uma segunda, terceira ou quarta leitura de certo modo nos comportamos a respeito de um livro como em relação a uma pintura." Vladimir Nabokov

O que vale realmente a pena

Somos frágeis.  Poeira à espera do sopro do vento.  Não temos tempo a perder.  Cada dia que a gente desperdiça é um sol que foi embora sem r...