sábado, 31 de outubro de 2020

Por um triz

"Não gosto da vida em banho - maria, gosto de fogo, pimenta, alho, ervas. Por  um triz não sou uma bruxa



31 de outubro

"Não foram as bruxas que queimaram. 
Foram mulheres.
Mulheres que eram vistas como:
Muito bonitas,
Muito cultas e inteligentes,
Porque tinham água no poço, uma bela plantação (sim, sério),
Que tinham uma marca de nascença,
Mulheres que eram muito habilidosas com fitoterapia,
Muito altas,
Muito quietas,
Muito ruivas,
Mulheres que tinham uma forte conexão com a natureza,
Mulheres que dançavam,
Mulheres que cantavam,
ou qualquer outra coisa, realmente.
Qualquer mulher estava em risco de ser queimada nos anos 1600. 
Mulheres eram jogadas na água e se podiam flutuar, eram culpadas e executadas. Se elas afundassem e se afogassem, eram inocentes.
Mulheres foram jogadas de penhascos.
As mulheres eram colocadas em buracos profundos no chão.
Por que escrevo isso? 
Porque conhecer nossa história é importante quando estamos construindo um novo mundo.
Quando estamos fazendo o trabalho de cura de nossas linhagens e como mulheres.
Para dar voz às mulheres que foram massacradas, para dar-lhes reparação e uma chance de paz.
Não foram as bruxas que queimaram.
Foram mulheres."
🖤🌹🖤
- Fia Forsström

Vidas gastas antes do tempo

Vidas gastas antes do tempo

Um dos fenômenos mais comentados nos dias que correm é a longevidade humana e seus efeitos estéticos. Hoje um homem ou uma mulher pode chegar aos 70 anos com cara de 60, e aos 60 com jeito de 50, lembrando que os 50 são os novos 40, e assim eliminamos 10 anos da nossa aparência, bastando para isso uma boa alimentação, exercícios físicos e uma ajudazinha de procedimentos que se tornaram corriqueiros, como aplicações de botox, preenchimentos e intervenções cirúrgicas. Por causa disso, a pergunta mais aterrorizante hoje em dia é: “Que idade você me dá?”. Por favor. A pessoa pode ter 36, 48 ou 57, como responder sem ferir suscetibilidades? Dos 30 aos 60 estão todos com a mesma cara.

Reconheço que a nossa aparência jovial é um assunto que já saturou. Ninguém fala em outra coisa, e os elogios que são ouvidos nas ruas só confirmam o milagre do rejuvenescimento.

“O tempo não passa pra você”.

“Rapaz, você está igual, só que com menos cabelo”.

“Você já tem 50? Ninguém diria!”
Até parece que conseguimos finalmente parar o tempo. Mas é mentira que estamos todos com a mesma cara. Olhe bem para o rosto de uma mulher que passou anos lavrando a terra no interior e criando sete filhos sem ajuda alguma. Quantos anos você lhe dá?

Estamos esquecendo que, para muita gente (um grupo bem maior do que a nossa turminha), perdura outro milagre: o do envelhecimento precoce. São aquelas pessoas que você jura que têm 40 anos, mas que têm 29. Que você daria uns 55 sem titubear, mas que acabaram de completar 38. Só que eles não estão nas páginas das revistas para exibir esse também inacreditável efeito estético que a vida lhes proporciona.

* * *

O rosto conta a nossa história? Estou certa disso. Conta a respeito das facilidades cosméticas que tivemos acesso, aliadas ao nosso bem-estar e à nossa qualidade de vida, já que nossos problemas quase sempre são de ordem psicológica e se alojam mais na alma do que na pele. Mas muita gente traz no rosto as marcas da luta diária pela sobrevivência, onde não há acesso a complexos vitamínicos, filtros solares nem muito motivo para achar a vida encantadora.

Eu a vi na tevê dia desses: era uma mulher com o corpo delicado, mas com mãos de estivador por causa do manuseio da enxada. Acorda todos os dias às 4h da manhã e lava seu cabelo desgrenhado com sabonete e água gelada. Seu rosto inteiro parecia a ponta de um dedo murcho, como quando se fica muito tempo dentro da piscina. O pescoço era um despenhadeiro. Dois seios vazios, dois braços manchados e um filete de voz. Parecia ter uns 90 anos, no entanto, era bem mais jovem do que eu e você, ninguém diria. 
  Martha Medeiros

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A coragem da Mulher

Um pouco de conhecimento:
A imagem inicialmente poderia fazer mais rir e divertir os outros, mas é um quadro vendido por mais de 30.000.000 € a um marchand que conhecia o seu valor real.
Esta pintura conta uma história trágica e comovente que venho partilhar convosco:
Um pobre idoso da época de Luis XIV, foi considerado culpado de roubar uma barra de pão e condenado a uma morte trágica: morrer de fome.
Sua filha, ao saber da dor de seu pai ao não ter alimento nenhum, pediu permissão para visitá-lo, e em cada visita, os guardas registravam adequadamente a jovem e o bebê de seis meses que estava nos braços, para que não entrasse nenhum tipo de comida. Assim lhe permitiam visitar o seu pai uma vez por dia.
No final do quarto mês, ao perceber que o condenado não morria, as autoridades decidiram vigiá-lo de perto. E foi feita a observação: a filha e única visitante do idoso em cada uma de suas visitas diárias alimentava o pai com o leite materno destinado ao seu bebê.
Informados, os juízes em vez de se irritarem e condená-la, se compadeceram desta mulher em frente ao amor que demonstrava pelo seu pai, mas também pela sua determinação contra os ressentimentos e sentimentos de uma mulher contra a vida. Dar primeiro a vida no sofrimento e protegê-lo a todo o custo.
Os juízes ordenaram a libertação do idoso e sua filha. Tudo isso chegou aos ouvidos do grande e famoso pintor que traduziu na tela, este quadro para imortalizar a história.
Esta história leva-nos hoje a colocar algumas perguntas:
É a mulher só ser frágil que usamos ao nosso gosto?
Sempre reconhecemos os sacrifícios que as mulheres fazem para salvar nossas vidas?
Até onde estamos dispostos a chegar para ajudar, amar e proteger este ser que daria qualquer coisa para salvar uma vida, seja lá o que for?
Para meditar e refletir, a mulher é um ser extraordinário e maravilhoso. O que você sabe?

terça-feira, 20 de outubro de 2020

O velho amor ainda e sempre

Queria, pelo menos às vezes, ter a quietude na alma, ficar feliz com um passo após o outro, acomodar-me à descrença; mas em pouco tempo chego até mim e o que vejo quando estou parado enoja-me. Vivo para mudar: eis a única verdade que nunca consegui mudar. Podia, é claro, ter cuidado — mas prefiro ter amor. Tem-me bastado para ter tudo.

Pedro Chagas Freitas

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

CASA


"Faz da tua casa uma festa! 
Ouve música, canta, dança...
Faz da tua casa um templo!
Reza, ora, medita, pede, agradece...
Faz da tua casa uma escola!
Lê, escreve, desenha, pinta, estuda, aprende, ensina...
Faz da tua casa uma loja!
Limpa, arruma, organiza, decora, muda de lugar, separa para doar...
Faz da tua casa um restaurante!
Cozinha, prova, cria, cultiva, planta...

Enfim...
Faz da tua casa
Um local criativo de amor." ❤
            Cora Coralina

Imperfeita e real

Deixe as pessoas verem o imperfeito, o real, falho, sutil, a pessoa estranha, bonita e mágica que você é. Permita-se ser mal vista, mal falada, mal avaliada! Permita que se enganem a seu respeito, que dêem risadinhas pelas costas! Permita que julguem, que cochichem, que acreditem saber quem você é!
Permita que te "olhem torto", que se afastem, que te excluam, que te rejeitem, que te cancelem! Deixe sua reputação cair por terra, enfrente seu maior pesadelo! E veja que SIM, isso acaba em morte! Morte desta que era escrava "dos outros". E então viva, viva livre e sem medo. Porque o "outro" não tem mais poder sobre você.

Preocupe-se mais com a sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é problema deles.

Você não precisa ser perfeito. Você não é um robô nem um daqueles super heróis. Honre a sua humanidade.

Hoje eu me despeço das idealizações que as pessoas que eu amo projetaram em mim. Pouco a pouco eu deixo cair a máscara da mulher boazinha, perfeita, que está sempre pronta, agrada todo mundo e não comete erros. Essa que em vários momentos se anulou para cumprir as expectativas alheias, por medo de perder o amor e admiração delas.

Percebi que não ser capaz de frustrar os outros faz a gente desrespeitar os nossos limites e ser escravo das expectativas deles. Você precisa deixar que os outros se decepcionem com você. Faz um favor para você? Procure abrir mão do medo de decepcionar os outros.

Se dê a chance de ser livre e frustrar as expectativas que colocam em cima de você. Hoje eu me permito decepcionar os outros, honrando as minhas necessidades. Eu me dou o direto de dizer NÃO quando eu não estiver a fim de fazer alguma coisa. Decidi abraçar meus limites e minhas imperfeições. Decidi ser real. Pessoas reais são lindas.

Nada é mais maravilhoso do que ser real. É tão bom quando a gente entende que não precisa ser perfeito, que não precisa ser aceito, não precisa agradar todo mundo, só precisa ser quem somos.".

Por Rose K. Ponce

Wolfgang Smith

... Por certo, essa é metamorfose cultural que normalmente contemplamos sob as cores da evolução e do progresso; apenas, passou-nos despercebido que na barganha perdemos o nosso senso de transcendência. Ou seja, tornamo-nos sofisticados, céticos e profanos. Por mais iluminados que possamos almejar ser, a sabedoria das eras ficou sendo para nós uma superstição, um mísero vestígio dum passado supostamente primitivo; ou, na melhor das hipóteses, é vista por nós como literatura ou poesia no sentido exclusivamente horizontal que hoje ligamos a esses termos. 
(Wolfgang Smith)

terça-feira, 13 de outubro de 2020

O poder de cada um

Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso.

Ana Jácomo

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

"Você vive um amor ou uma história de amor?"

Você vive um amor ou uma história de amor?

Tem diferença, sim. Um amor é a realização plena de um sentimento recíproco. Passa por alguns ajustes, negociações, mas desliza. Pode perder velocidade aqui, ganhar ali, mas não é interrompido pelas dúvidas, não permite a entrada de terceiros, tem a consistência das coisas íntegras, duráveis. O amor, amor mesmo, é uma sorte que se honra, uma escolha em que se aposta diariamente, o amor é algo que nasce e frutifica.

Já uma história de amor é, como diz o termo, uma invenção. Algo para ser contado ao analista, desabafado para os amigos, uma narrativa chorosa e trágica, um acontecimento beirando o folclórico, um material bruto pedindo para ser transformado em obra de arte. Toda história de amor está impregnada de obstáculos que lhe conferem um status de ficção.

Amor proibido pela família, rejeitado pela sociedade, condenado por preconceitos, amor que exige fugir de casa, pegar em armas, trocar de identidade: virou história de amor. Perde-se um tempo enorme roteirizando o dia seguinte. Se fosse amor, simplesmente amor, o dia seguinte amanheceria pronto.

Amor que coleciona mais brigas que beijos, mais discussões que declarações, mais rendições que entrega: virou história de amor. Pode subir aos palcos, transformar-se em filme, faturar na bilheteria: tem enredo. Mas não tem continuidade. Sai de cartaz rapidinho.

Amor que sobrevive à distância, que se mantém através de cartas e telefonemas (permita-me a nostalgia, sobreviver pelo whattsapp não combina com literatura), o amor sem parceria, sem corpo presente, o amor que não se pratica, que não se lubrifica, que enferruja por falta de uso: virou história de amor. Sofrido como pedem os poemas, glorificado pela vitimização, até o dia em que a ausência do outro deixa de ser um ingrediente pitoresco e você descobre que cansou de dormir sozinha.

Amor que exige insistência, persistência, paciência: virou história de amor. Se fosse amor, nada além de amor, navegaria em águas mais tranquilas, não exigiria tanto de seus protagonistas, o entendimento seria instantâneo, sem exagero de empenho, desgaste, sofrimento. Aff. Histórias de amor são fantásticas na primeira parte, tiram o ar, movimentam a vida, mas da segunda parte em diante viram teimosia dos autores, que relutam em colocar o ponto final na saga que eles próprios criaram.

Amor ou história de amor, o que se prefere?

Aventureiros, notívagos, hereges, rabugentos, sedutores, inquietos, fetichistas, insaciáveis, pecadores, estrangeiros, narcisistas, intrépidos, dramáticos, agradecemos cada verso e cada noite mal dormida que vocês deixaram de lembrança, mas um dia a gente cresce e a fantasia cede lugar à sensatez: um amor está de bom tamanho.

Martha Medeiros, livro: Simples Assim.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

A palavra escrita

As palavras sempre ficam. Se me disseres que me amas, acreditarei. Mas se me escreveres que me amas, acreditarei ainda mais. Se me falares da tua saudade, entenderei. Mas se escreveres sobre ela, eu a sentirei junto contigo. Se a tristeza vier a te consumir e me contares, eu saberei. Mas se a descreveres no papel, o seu peso será menor. Lembre-se sempre do poder das palavras. 
Quem escreve constrói um castelo, e quem lê passa a habitá-lo"

(Silvana Duboc)

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Ciclos e Metamorfoses

Reler esse texto que escrevi a 6 anos atrás me emocionou....Estava me recuperando de uma cirurgia delicada e invasiva. Passando por uma experiência profunda e inesquecível e adquirindo maturidade, bagagens emocionais , crescendo como ser humano e entendendo na prática (na pele) o quão fugaz è a vida , da nossa pequenez , da transitoriedade da nossa passagem por esse mundo, de como a vida muda do nada e nos vira pelo avesso . Sim, tudo muda (GRAÇAS A DEUS) .Continuo passando por miraculosas metamorfoses,  mudando,  me adaptando ....esse è o ciclo da vida. 
O Texto de 2014:

Me sinto uma lagartinha dentro do casulo...
Casulo é Um lugar quentinho , mas ao mesmo tempo apertado e incômodo.
Sei que vai chegar o tempo de quebrar a espessa crosta  me libertar e sair por aí voando , vendo o sol , vendo gente ...
 Por enquanto tenho que ficar quietinha , paciente , esperando , esperando..
Se tentar sair agora corro o risco de ainda não estar preparada , de minhas asas 
ainda estarem fracas ou até o meu corpo não estar pronto para sustentar um voô.
Não há nada o que fazer , somente esperar ...
As vezes dá uma vontade de apertar o botãozinho do FFW , mas o controle continua no pause e o tempo tá de mal comigo .
Repouso é algo que ninguém pode fazer por mim . E mesmo rodeada por cuidados e
Carinhos , as vezes dá uma vontade de me rebelar ,de sair por aí e gritar: " chega! Quero minha vida de volta !"
Voltar a ser livre , firme , segura , bonita ...decidir , conviver , transformar , fazer ...
Eu quero tanto tanta coisa,   que as vezes fico perdida em meus devaneios de 
Poder fazer , de ir , de vir , arriscar , valorizar .
Os dias passam lentos ...gasto o meu tempo, metade lembrando de coisas boas do passado ,do cuidado de Deus comigo e de tudo de extraordinário que já fez , de experiências profundas e eternas que marcaram minha vida pra sempre . 
A outra metade sonhando e ansiando pelo que ainda está por vir ... Meditando sobre o real valor de coisas simples , arquitetando sonhos ousados , imaginado o inimaginável...
tenho certeza que ainda serei surpreendida por Deus e quando penso nisso , respiro fundo , me encho de coragem e volto pro sofá, me recosto , me acomodo e digo pra mim mesma : "só mais um pouco..."

By Clivia Fonseca 


quinta-feira, 1 de outubro de 2020

▫️🌹▫️  Desculpe por chorar

Por que raios a gente pede desculpas por se comover? Lembrei de algumas pessoas que já caíram em prantos na minha frente escondendo o rosto, envergonhadas, e as compreendo, pois também tenho vontade de sumir quando choro diante dos outros. Os psicanalistas, acostumados a debulhações diárias em seus consultórios, poderiam responder: quando elas acontecem, seus pacientes costumam se desculpar?

Ninguém tem culpa alguma de sofrer, ninguém tem culpa por se sentir frustrado, ninguém tem culpa por sentir saudade, ninguém tem culpa por não conseguir reagir a seco às suas desordens internas. Deveríamos, sim, é nos sentir orgulhosos por não frear nem disfarçar nossas emoções, por permitir que elas extravasem, autorizando os outros a testemunharem esse momento em que estamos tão desprendidos, sendo tão humanos.

Curiosamente, o contrário não envergonha. Mais do que nunca, as pessoas têm sido  grosseiras, estúpidas, deselegantes no trato, e não lhes bate um pingo de remorso, nenhuma inibição. Pedir desculpas, nem pensar.

Acho que a pessoa emocionada se desculpa por constranger os outros. Sabe que a plateia, seja ela formada por 100 pessoas ou por uma só, se sente fragilizada diante de uma pessoa comovida. Ao testemunharmos alguém em situação tão delicada, não sabemos como agir, o que dizer. Quando alguém chora à minha frente, pareço uma pateta, não sei se abraço, se finjo que não está acontecendo nada, se começo a chorar também. Quase sempre começo a chorar também.

É por isso que certas pessoas pedem desculpas pela própria comoção. Sabem que uma emoção exposta não deixa ninguém indiferente, obriga a uma reação, e eles não querem dar trabalho. Pois é, os sentimentais têm dessas nobrezas.

Martha Medeiros

O que vale realmente a pena

Somos frágeis.  Poeira à espera do sopro do vento.  Não temos tempo a perder.  Cada dia que a gente desperdiça é um sol que foi embora sem r...